domingo, 23 de novembro de 2008

Ajuricaba, Rio Grande do Sul - 20 de novembro

Foi a primeira vez que vim ao Rio Grande do Sul. Desci em Porto Alegre esperando um famoso frio, mas o calor estava próximo ao que tinha deixado em Montes Claros (MG). Peguei uma hora e cinqüenta de vôo para Santo Ângelo, cidade mais próxima de Ajuricaba, meu destino. Adorei essa possibilidade, pois já estava pronta para encarar 8 horas de estrada.
A região é predominantemente agrícola, com alternância principalmente entre trigo e soja. O Sr. Nilton, simpático motorista que me acompanhou, disse que depois dos transgênicos não houve mais o excesso de agrotóxicos que era jogado na plantação para evitar pragas. Toda terra é aproveitada e eles fazem rodízio para não exaurir o solo.
A Apae atende em Ajuricaba crianças e adultos, com diferentes necessidades especiais. Síndrome de Down, Paralisia cerebral em níveis mais ou menos intensos, autismo, desnutrição e obesidade. Jane, a responsável pelo projeto me mostrou toda a sede da Apae. Muito bem projetada, com espaços amplos, claros, arejados e limpos. Salas de fisioterapia, odontologia, psicologia e ludoterapia, cozinha, amplo ambiente de alimentação e festas.
Cheguei na hora do lanche, três mesas grandes e várias pessoas em volta. Pessoas alegres, por incrível que pareça, em um ambiente leve onde todos os alunos compartilhavam o espaço. Alguns deles acompanhados pelo pai ou pela mãe, que ajudavam a alimentar o filho totalmente dependente da cadeira de rodas. Pelas fotos é possível ter uma idéia.
Um dos pais das crianças especiais e que trabalha na lavoura, começou a passear com seu filho em um pônei e trouxe tão bons resultados que resolveu emprestá-lo para que as outras crianças pudessem interagir, em espaço emprestado pela Igreja, vizinha da Instituição.
Incrível como uma cidade tão pequena tenha tantos casos de comprometimento físico e mental. Acredita-se que seja pelo excesso de agrotóxicos jogados na região por muitos anos e também pelo casamento entre parentes (primos de primeiro e segundo graus).
Esse projeto visa trabalhar a alimentação saudável e a prática de esporte e dança, prevendo a inclusão social e educacional em parceria com a Escola Municipal João Batista de La Salle. A idéia é que os pais aprendam como manejar hortas, produzindo uma terra fértil com uso da minhocultura, e aos poucos comecem a adotar hábitos alimentares com seus filhos.
A parceria é interessante, pois a Escola Estadual, gerida por Ivan, conta com uma área de 4 hectares e atende à criançada carente da região. Na área foram construídas hortas, com pepino, repolho, 1500 pés de cebolinha e uma extensa parte de trigo. Tudo plantado pelas crianças que estavam jogando futebol no campo da escola. Duas pessoas dedicadas a diferentes carências, em diferentes instituições, unindo esforços: ela levando seus alunos para a natureza e ele levando seus alunos para eventuais atendimentos odontológicos ou de saúde, na estrutura da Apae. Perguntei ao Ivan o que o levou a montar esse trabalho, onde as crianças não querem férias e contam com ele como um pai. Disse:“eu sei o que é passar essas dificuldades pois fui um deles. “
A natureza faz bem. O cheiro, o silêncio, a beleza, o som, são elementos de equilíbrio. Jane e Ivan, contam com os apoios e editais, pois se não fosse isso, não conseguiriam dar continuidade aos seus projetos.




















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