domingo, 30 de novembro de 2008

Guaíra, São Paulo - 27 de novembro

Saí de São Paulo bem cedo, rumo a Ribeirão Preto. De lá, 140 km de carro até Guaíra. Estrada bem pavimentada e sinalizada, resultado da privatização!
Cheguei em Guaíra por volta de 9:30, com sol a pino. Como sempre, protetor solar, muita água e braços livres para os movimentos fotográficos.
Se fosse dar um nome prá esse local, chamaria de Cidade Jardim. As ruas são largas, com muitas e muitas praças amplas e bem arborizadas, além do parque Manacá projetado por Burle Marx com uma bela lagoa e uma instalação central de Tomie Ohtake. Ruas planas e muitas bicicletas. Tantas bicicletas que durante um período, a prefeitura instituiu uma lei de uso de placas (como as dos carros), com direito a multa e tudo mais.
Cheguei à sede da Instituição SOGUBE, onde Heloísa, a diretora, me recebeu dizendo sobre os programas desenvolvidos: Cidade dos Meninos “Oswaldo Ribeiro de Mendonça” e Guarda Mirim “Prof. Arlindo Alves”. O primeiro atende 350 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos, com ações sócio-educativas em horário oposto ao escolar, através de ações inovadoras, voltadas para a pedagogia social. O segundo projeto, atende 300 adolescentes entre 14 e 18 anos incompletos, com o foco na qualificação profissional e inserção no mercado de trabalho.
Com esse projeto apresentado à Nestlé, pretendem desenvolver com os atendidos na Cidade dos Meninos, hábitos de vida saudável na rotina pedagógicas e na prática de esportes como vôlei de praia e futevôlei. Com os adolescentes da Guarda Mirim, pretendem formar multiplicadores que realizarão intervenções com as famílias e comunidade. Com as famílias, pretendem promover curso de formação sobre alimentação saudável e de baixo custo e o cuidado com os mesmos.
Conheci toda a instituição, bem montada e estruturada. Estão na expectativa da renovação de contrato do imóvel com a Prefeitura. A Pedagoga Carina de Andrade e a Nutricionista Renata Cravo Siqueira, me mostraram as diversas atividades em andamento: Projeto Batidão (dentro da musicalização), Capoeira , aulas de dança, Informática, Oficinas de arte, onde as crianças trabalham com o vagonite para coordenação motora, Vôlei, artesanato e reforço escolar. Tem um amplo espaço disponível para realização dos cursos práticos de alimentação. Tem um amplo refeitório com mesões, onde as crianças se revezam. Antes do alimento, uma oração. Toda equipe de touca para servir os garotos que fazem uma fila para receber os pratos.
A fila de espera para inscrição já passam de 700 crianças carentes. Visitei os Guarda-Mirins com a coordenadora do Programa, Márcia Matsumoto. Após o processo de profissionalização, os garotos partem para o mercado de trabalho. Nas fotos, alguns exemplos de garotos nos locais de trabalho.
















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sábado, 29 de novembro de 2008

Maceió, Alagoas - 25 e 26 de novembro


Adorei Maceió. Ruas amplas, limpas e um sol tipicamente nordestino. Já coloquei na lista dos lugares que quero voltar a turismo.
Papos políticos foram inevitáveis com o motorista de táxi durante o percurso até o hotel.... Aliás, uma interessante coincidência: o motorista que me atendeu foi exatamente o mesmo que recebeu a visita da profissional da Nestlé para análise de conteúdo do projeto na semana passada. Como tinha uma fila imensa de taxis, achei essa uma bela sincronicidade.
Já eram 15 horas e tinha pressa em ter luz prás fotos e assim segui direto para o Bairro Ponta Grossa, base do “Projeto do Bem Nutrir-se”. Fernanda Pinheiro, a Nutricionista e responsável pelo projeto, e Juliana, pedagoga na instituição há 5 meses mas profunda conhecedora da comunidade por já ter trabalhado por lá em outros projetos, me apresentaram a casa. A Organização é uma Ong instalada em Maceió desde 1941, na antiga residência da fundadora do Centro Espírita “O Consolador”. Seu foco inicial era a caridade, priorizando assistências às famílias de extrema pobreza. Hoje, a instituição atende ao público carente, crianças e adolescentes em situação de risco social, mas desenvolveu muitas parcerias governamentais, como o Consórcio da Juventude com os Ministérios do Trabalho e Emprego, Sesc (Mesa Brasil), Secretarias estaduais e municipais de Assistência Social, além do Centro do Ensino Superior de Maceió para acompanhamento nutricional, entre outros.
Contam com uma equipe técnica e de contribuição de prestadores de serviços e voluntários. Dão apoio pedagógico, qualificação profissional (por ex, cabeleireiro aberto ao público ao lado da sede para os alunos qualificados), inclusão digital e no esporte dão ênfase ao triátlon. Uma perspectiva de educação integral.
A presidente da Instituição, Ana Lúcia Gomes Vieira, tem uma bela estória de vida. Chegou à Instituição no final da década de 60, com dois anos de idade, levada pelas mãos do pai. Ela e a irmã mais velha foram literalmente “doadas” para serem criadas pelos então responsáveis pela Instituição. A mãe havia sumido no mundo com outro homem e deixado o pai com todas as crianças. Os novos pais cuidaram da menina com o maior carinho, até ela se casar. Trabalhou no Senac por 9 anos e meio. Nesse período, os pais adotivos morreram de acidente de carro e a Instituição foi perdendo força e estava quase extinta quando convidaram a Ana para assumir os trabalhos. Foi assim que ela redesenhou o perfil da Instituição, fazendo parcerias e captações via editais e patrocínios.
O Projeto do Bem Nutrir-se, apresentado à Nestlé será desenvolvido, caso contemplado, atenderá o público concentrado em favelas violentas, com pobreza e escassez de oportunidades, onde a droga e a briga de gangues internas imperam. Eles hoje atendem 100 famílias, 130 crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos, com apoio pedagógico, informática, esporte, especificamente o triátlon. O projeto propõe implantar ações de educação nutricional envolvendo crianças e famílias do Projeto O Consolador, escolas públicas do entorno e a comunidade, construindo hortas comunitárias, escolares e caseiras. Serão 300 beneficiados diretos e 1000 indiretos. A intenção é, além das palestras e orientações nutricionais, construir uma horta comunitária, em um terreno que sediará a futura sede da Instituição e que já é propriedade adquirida. São 1600 metros quadrados de área plana. Pelas fotos é possível ter uma idéia do espaço!

















terça-feira, 25 de novembro de 2008

Santa Cruz Cabrália, Bahia - 24 de novembro

Exatamente onde Cabral aportou no Brasil e foi rezada a primeira missa há 508 anos, foi o cenário da minha visita na comunidade indígena Pataxó. A comunidade é composta de mais de 3 mil famílias que vivem em casas simples com fossa e esgoto. Existe um corredor de comércio indígena que recebe turistas de toda parte do mundo e que foi construído com apoio da Funai e do Prodetur. Os visitantes costumam chamar esse comércio de “Patashopping”. Muitas crianças correm por todo lugar, vestidos de índios ou não, alguns vendendo colares e enfeites, e todos com forte identidade.
Fui recebida por Loro, administrador da comunidade Pataxó, por Nero, um dos responsáveis pelas danças e jogos indígenas, por João Araponga e por Raimunda, coordenadora da Escola Municipal Indígena.
A visita começou no local onde, se contemplado, será realizado o projeto. Está vinculado à escola indígena, que além do currículo formal proposto pelo MEC, ensinam as tradições e a língua Patxorã.
O Professor Pedro dava aula de movimentação corporal a partir de uma estória de natureza que envolvia abelhas e caçadores como motivação.
Visitei as salas de aula e em uma delas assistiam a um DVD com fotos dos esportes praticados pelos adultos.
Antes de clicar, tenho o cuidado de me apresentar e dizer porque estou ali. Com o processo da camara digital os meninos ficam malucos para se verem. O projeto apresentado propõe o fortalecimento da identidade dos Pataxós, através da realização, pela primeira vez, dos JOGOS INDÍGENAS PATAXÓ ENTRE AS CRIANÇAS, vinculadas à escola, atingindo diretamente 200 alunos nos esportes e mais de 600 que acompanharão as apresentações com cantos e adornos indígenas. Além disso, a apresentação será aberta para toda a comunidade, turistas, sendo que os jogos adultos acontecem há 9 anos.
Toda a comunidade, assim como a escola, está situada à beira da BR que liga Porto Seguro a Santa Cruz Cabrália, seguindo até Belmonte. Esses três municípios compõem a Costa do Descobrimento. Há um grande movimento nessa estrada, não só por ser a principal via de acesso dos moradores mas como também de ônibus de turismo, e transportes de cargas que tendem o litoral norte.
Em função de tanta proximidade com o meio urbano, o projeto ressalta a importância desse evento para fortalecer a tradição Pataxó.
Ainda propõe a recuperação do campo de futebol da escola e aquisição e construção de equipamentos esportivos culminando com uma grande apresentação próximo à semana do índio que acontecerá 19 de abril.
Depois dessa semana, um grupo de crianças participantes dos Jogos visitarão as escolas públicas municipais apresentando os esportes indígenas e suas estórias, vestidos conforme a tradição. Ao final dessa etapa, pretendem montar uma exposição com o material esportivo e fotos dos acontecimentos. Estou escrevendo no avião, rumo à Maceió e ainda colocarei mais fotos...

Indio Araponga



As fotos abaixo foram feitas pelo Indio Araponga, quando da visita de Roque Antonio Soares Junior, representante da Fundação Nestlé Brasil à Aldeia e a Escola Indigena Pataxó. Durante esta visita um grupo fez uma apresentação das danças e cantos.

Da esquerda para a direita : Indio Loro, Roque, Ana Carolina (coordenadora do projeto inscrito), Kelly Cristina (presidente da Associação) acompanhada do marido e do filho, Sidrack, historiador e diretor do Arquivo Municipal de Santa Cruz Cabrália e Dario, assessor do projeto